sexta-feira, 8 de maio de 2009

Não é bem assim...

Se eu fundar uma comuna, ou um apartamento com amigos para poupar dinheiro, nao vou ter os mesmos incentivos fiscais e "apoios á família" do que um casal "casado" ou em uniao de facto.
Porque é que eu, como figura fiscal/legal "mulher solteira" tenho de estar mais fragilisada perante a sociedade do alguém que esteja casado com aquela teia de protecção legal toda á volta deles?
é realmente minha escolha ser solteira ou permanecer solteira (são na verdade duas coisas diferentes), mas perturba-me o assegurar de privilégios, que estão a ser confundidos com direitos, que outros tenham, sejam heteros ou não.
Mais ainda perturba-me que o Estado reconheça apenas essa forma de emocionalidade como válida. Porque é que eu não posso passar procurações médicas a amigos escolhidos a dedo (ou seja, se eu ficar em coma, porque é que são os meus pais a decidir "desligar a maquina" em vez de ser quem eu quero)? porque é que as minhas disposições testamenteiras são passadas a ferro no caso de eu ser solteira (se eu morrer os meus pais herdam sempre uma parte independentemente do que está no meu testamento), e um bocadinho mais levadas a sério se eu estiver casada?
Porque é que uma criança só pode ser adoptada por um casal? o que é que ha de menos respeitável/ético em pessoas não casadas?
Perturba me ainda mais que não perturbe mais gente ainda, que o Estado esteja a dizer com isto, com a figura do casamento, que todas as outras formas de estar são toleradas, mas não são a certa. e isso incluindo ser solteiro, viuvo, já nem falo de comunas, engenharia social ou famílias estendidas, com relações não monogamicas ou não...

Reconheço sem duvida o impulso que leva pares que se gostam a casar. E enquanto a lei for assim, ficarei contente por eles e irei festejar com eles em toda a sinceridade. Ficarei, quase em contradição comigo, contente quando os primeiros casais do mesmo género se casarem em Portugal, porque indicará um avanço das mentalidades, e porque esses nubentes estarão mais feliz nesse dia do que noutros.
O casamento é um atentado ás liberdades individuais porque nos diz que um individuo só, um cidadão, não é suficiente como entidade e que precisa de se comportar de uma certa maneira para ser completo e útil á sociedade.
Sendo assim sou e serei politicamente sempre e constantemente contra a figura do casamento, por não ter cabidela numa sociedade que se quer igualitária e democrática.
Obrigada por lerem.

Antidote,
www.laundrylst.blogspot

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