sexta-feira, 8 de maio de 2009

Puzzle

Se "o poder é uma relação, não uma coisa", porque insistimos em falar de sexo como uma coisa?
Que eu saiba, a tradição assume que os generos entre os animais estão marcados em termos biológicos, e que ainda assim, apesar de morfologicamente, hormonalmente marcados, estão sujeitos à evolução e adaptação ambiental. Que sempre são relações de poder, de estratégia individual. Sexo não é nenhum modelo de previsibilidade, ainda que apresente constâncias.
Entre as gentes, o que a gente conhece é uma luta pelas constâncias.
Há, aparentemente, uma constancia na ideia de sexo, que é a de especialização. Que num dado momento, a lógica de consumo se acrescente com a lógica da produção; isso acontece em todos os seres que não se dividem, e no caso interessam-nos os que não são hermafroditas, que estão especializados de vez, machos e fêmeas "como" os humanos. Nestes casos, as fêmeas alternam ciclos de consumo e produção, porque todos estes seres passam pela infância.
Dizem os doutores que a cultura começou com o tabú do sexo de forma a criar as condições para a monogamia, ie: a regulação comunal, consensual, de quem faz aquilo que faz filhos com quem (faz filhos). E aquilo que faz filhos, aquilo que produz(!), essa parcela problemática de minutos (bem, já estão a ver onde eu quero chegar), passou a definir o lugar das pessoas no grupo. Não às recompensas hormonais, sim ao lugar certo, aquele que representa a minha função na sociedade.
Consenso, constância, são elementos essenciais da solidariedade. O movimento LGBT busca acima de tudo a solidariedade, a reposição da condição de pessoa; e aprende-se nele ao longo do tempo onde está o pomo da discordia. Um deles é o amor, esse subproduto moderno da quebra de relações familiares extensas, cujo reconhecimento( !) implica que a solidariedade entre os dois generos se expresse ao nível das afinidades pessoais, tarefa tão valorizada quanto a assimetria comportamental dos generos é regra. O outro, a procriação, cujo pensamento actual ainda tende a evitar as estratégias que não representem o reforço(!) do peso natural de acompanhar uma infância (...);
@ bissexual parece ter a "tarefa" facilitada mas não tem. Onde a despatologizaçã o da homossexualidade está mais concretizada, a solidariedade intra-genero reforça-se agradavelmente, mas há dados momentos em que a solidariedade entre os generos não podia estar mais perdida. Onde há patologização da homosexualidade, a solidariedade entre os generos decorre no ocultamento e nos mecanismos tradicionais, ou seja, através da relação erótica "a contrato" e suas fraudes (já dizia o outro, muçulmano, poligamia al capone, a poligamia ocidental, reconhecendo as semelhanças e as diferenças).
@ bi vive zonas cinzentas onde a deserotização de um dos generos joga frequentemente contra a sua presença a outros níveis propriamente sociais, e neste sentido, pensar bi é ter consciencia do cruzamento erostismo-poder- grupo, um pensar ao alcance de tod@s. É Bi-narismo, mas...


rosa-que-fuma


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